Esse contexto de grandes transformações e demandas sociais crescentes é desafiador para qualquer Organização. Não foi coincidência a inovação entrar na pauta governamental e os “labs”, com seus espaços coloridos de pufes e post-its e suas metodologias em inglês, virarem o “hype” do momento.
Escritórios de gestão de projetos, planejamento estratégico e gestão orientada para resultados já tiveram seus tempos de glória e, bem como os escritórios de projetos, os laboratórios de inovação têm se materializado de diversas formas e com diferentes objetivos e recursos, a depender do contexto específico da organização.
Revisitando experiências e trocas com colegas que lideram ou fazem parte de iniciativas semelhantes, proponho cinco pressupostos que acredito serem fundamentais para quem experimentará, num futuro próximo, o desafio de estruturar um laboratório de inovação em governo.
1. Um lab não precisa necessariamente envolver tecnologias surpreendentes para inovar
Laboratórios de inovação objetivam facilitar a troca de conhecimento entre diferentes atores, de dentro e de fora do setor público, e materializar capacidades compartilhadas em soluções, produtos e serviços inovadores, que tenham como propósito transformar seus contextos e recortes, melhorar processos internos do governo e/ou serviços que impactam diretamente a qualidade de vida da população local. Contudo, é comum encontrar quem assume que, para inovar, é preciso envolver uma tecnologia surpreendente.
Publicado pela OCDE ainda nos anos 90, o Manual de Oslo desmistifica essa ideia e coloca o foco da inovação no valor que a transformação agrega ao desempenho da Organização. Seja inteligência artificial, redes, nuvens e supercomputadores, robótica, reconhecimento facial, sensores, blockchain, impressão 3D, biologia sintética, realidade aumentada e virtual, drones, não importa, o PROBLEMA, não a tecnologia, deve guiar e moldar a busca pela solução.
2. Um lab não precisa de espaço próprio e formalização para existir
Um espaço próprio não é pré-condição para a existência de um laboratório – sobretudo num contexto mais propenso a adoção do teletrabalho, como o atual; por outro lado, um espaço físico materializa valores e práticas estimuladas pelos labs.
Também não é pré-condição estar na estrutura organizacional, ter equipe e responsabilidades formalizadas, muito embora haja a crença de que a formalização confere legitimidade e sustentabilidade para suas iniciativas, por ser caminho, por exemplo, para ter orçamento e equipe próprios.
Essas questões, apesar de importantes, não garantem o sucesso ou o legado do laboratório.