Quando eu era criança, meu pai era programador e minha mãe dona de casa. Eu dizia que jamais seria programadora, porque isso me faria viver trabalhando e não teria tempo pros meus filhos.
E olha só, pai, quem diria (além de você) que eu me tornaria mãe e programadora?!
Muitas coisas do cenário de trabalho mudaram de lá pra cá, tanto o trabalho remoto, que vinha crescendo aos poucos e deu um boom durante a pandemia, quanto a entrada (aos poucos) das mulheres na tecnologia.
Durante toda minha vida, a programação esteve presente nos assuntos de família, nas pessoas próximas, e demorou pra que eu me sentisse apta “cognitivamente“ para ser programadora. Sim, é muito louco descrever isso agora, mas houve sempre uma sombra que me rodeava dizendo de que eu não conseguiria dar conta de uma profissão “intelectual a esse nível”, por mais inteligente que eu me sentisse.
Conforme os véus da nossa ignorância vão caindo, entendemos que não existe uma tendência masculina à lógica ou capacidade cognitiva superior sexista, muito pelo contrário, ambos os sexos e gêneros possuem características de criação e cultura que podem ser aproveitadas em todas as profissões. Além disso, compreendemos o principal: “Você trabalhará bem em tudo que se dedicar“. Nesse momento, as portas se abrem dentro da gente e nossa jornada começa.
E pra qualquer pessoa que decidiu entrar na área, é sabido que tem que levar a sério os estudos e a busca de prática. Atualmente tenho 4 anos de carreira como dev e dois maravilhosos filhos: Surya, de 11 anos, e Zion, de 1 ano.
Quando tive a Surya, tinha 19 anos, morava na periferia de Porto Alegre e tive que largar o terceiro ano do ensino médio porque estava com um barrigão que não suportava a caminhada até a escola e não tinha dinheiro para passagem de ônibus.
Já na gravidez do Zion, eu tinha 29, e apesar de já estar planejando ele há 3 anos, eu realmente não esperava que ele viria no início de uma pandemia, quarentena, uma vida de muito stress morando em São Paulo e mudanças na minha vida profissional.