Segundo o relatório da World Population Prospects 2022, a população mundial está prestes a alcançar a marca de 8 bilhões de pessoas. A previsão aponta que, em novembro de 2022, esse número já será uma realidade. Pensando nisso, 30% da população global não tem acesso a saneamento básico, fato que impacta diretamente na higiene e dignidade dessas pessoas.
Em artigo do Apolitical, escrito em conjunto por Inga T. Winkler, Professora Associada em Direitos Humanos e especialista em saúde menstrual, e Nay Alhelou, pesquisadora com foco no direito humano à saúde, é levantado um estudo realizado em junho deste ano, que traz a análise crítica da higiene menstrual e da formulação de políticas públicas de saúde na Índia, Quênia, Senegal e Estados Unidos.
Fazendo um link com os dois estudos, é fácil de entender o porquê das pesquisadoras terem selecionado estas regiões para tirar informações sobre a pauta, já que os países citados integram o top 10 de países mais populosos mundialmente, deixando de lado apenas a China que lidera o ranking em primeiro lugar.
“Mesmo com a menstruação sendo cada vez mais abordada nas políticas, ela permanece envolta em estigma e atitudes misóginas subjacentes às políticas públicas que limitam o alcance das políticas.”
Inga e Nay revelam, através de uma análise de 34 documentos e 85 entrevistas com participantes ativos na formulação de políticas públicas e/ou advocacia, que todos os países focam predominantemente em ações que geram resultados tangíveis e materiais, como produtos e instalações, mas refletem que o buraco é mais baixo.
“A educação menstrual deve ativar a propagação do controle corporal, a ocultação e o gerenciamento enraizados na opressão de gênero para permitir a autonomia corporal.”
As iniciativas políticas que encontraram nesses países também promovem a educação menstrual partindo da ideia de ser um verdadeiro “antídoto” para acabar com a desinformação e o estigma sobre a menstruação. No entanto, estas iniciativas se concentram quase exclusivamente na higiene menstrual e no uso de produtos menstruais – os elementos práticos do gerenciamento da menstruação.
No Brasil, a pauta já foi instrumento de estudo para Organizações de Sociedade Civil e de Direitos Humanos. A UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) realizaram um relatório intitulado como “A Pobreza Menstrual Vivenciada Pelas Meninas Brasileiras”, que traz luz a temática com o objetivo de informar e conscientizar as diversas causas do problema e as possíveis soluções. Segundo a UNICEF,
“Pobreza menstrual é um conceito que reúne em duas palavras um fenômeno complexo, transdisciplinar e multidimensional, vivenciado por meninas e mulheres devido à falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação.”